04.05.2009 - 08h43 Romana Borja-Santos
Jorge Sampaio considera que, após as eleições, e em nome da “estabilidade”, pode ser necessário criar um Governo de Bloco Central. Em entrevista ao “Diário Económico”, o ex-presidente da República recorda os bons resultados desta coligação entre 1983 e 1985.
De acordo com o socialista, esta forma de governação já se mostrou eficaz na resolução da crise económica e financeira da década de 80.
Ainda assim, faz questão de sublinhar que o Bloco Central não deve ser confundido nem colocado ao serviço de um “bloco central de interesses”, pois seria “maléfico para a vida política, económica e social”.
Sobre o actual Executivo, Jorge Sampaio elogia a margem orçamental conseguida e defende que o programa de José Sócrates para enfrentar a crise é “sensato” e aposta em “sectores de futuro”, mas diz estarem pouco claros os critérios de apoio às pequenas e médias empresas – uma posição que vai ao encontro da defendida pela líder do PSD, Manuela Ferreira Leite.
Sampaio defende que o país ganharia em conhecer esses critérios de distribuição de apoios e diz que “uma coisa é ter um critério com virtualidades no futuro, outra é espalhar dinheiro”. Por isso, ainda na entrevista ao mesmo jornal, mostra-se a favor de uma maior intervenção da Caixa Geral de Depósitos no apoio às PME e admite estar preocupado com uma eventual crise social que o desemprego e a desigualdade podem criar.
“Sendo um banco detido a 100 por cento pelo Estado, este é o momento para o usar mais como um instrumento de política económica”, sublinha.
No que diz respeito ao levantamento do sigilo bancário como forma de combate à corrupção, mostra-se a favor da medida tomada, mas alerta para as alterações legais necessárias.
Sobre a criação de tectos para salários e prémios a gestores, defende que no privado tal não seria viável.
Contudo, no sector público diz que seria uma “política de contenção apropriada aos tempos de crise”.Recorde-se que na semana passada o presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), Francisco Van Zeller, em declarações ao Rádio Clube, também defendeu que, se nenhum partido conseguir vencer com maioria absoluta as próximas eleições legislativas, deverá ser formado um Governo de Bloco Central.
A opinião foi expressa depois de o ex-deputado socialista João Cravinho ter considerado que um Governo de Bloco Central pode ser praticamente "inevitável" caso o PS não ganhe as eleições legislativas com maioria absoluta e de o social-democrata Pedro Passos Coelho ter dito que o PSD tem de ser claro na recusa de um governo conjunto.
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