A rede de espionagem Ghostnet, instalada na China, copiou processos judiciais portugueses, roubou dados pessoais de identificação nos serviços de Registo e Notariado e transformou o programa informático da justiça, intitulado Citius, num verdadeiro queijo suíço.
São muitos milhares os documentos devassados.
O CM apurou que essa é a realidade que começa a emergir na investigação portuguesa à empresa Trusted Technologies e aos dois arguidos já constituídos, que copiaram a informação dos sites chineses da Ghostnet.
A análise à informação recolhida nas buscas de anteontem está a permitir à PJ reconstituir o puzzle da devassa informática levada a cabo.
O ataque dos piratas chineses, segundo apurou o CM, demonstra a grande vulnerabilidade da rede informática da Justiça (programa Citius) e põe em xeque o segredo de justiça.
Só o sistema da Polícia Judiciária de gestão dos inquéritos-crime terá escapado à intrusão dos piratas informáticos, que, no entanto, copiaram vários documentos de procedimentos internos. Nas magistraturas, porém, receia-se o pior, já que o Citius terá evidenciado uma enorme vulnerabilidade, segundo disseram as fontes contactadas pelo CM. Há mesmo quem tenha feito a comparação com um queijo suíço, permitindo aos piratas aceder a processos em segredo de justiça.
Na área dos Registos e Notariados terão sido copiados documentos relacionados com dados pessoais de identificação e a investigação está a apurar se foi atacada a base de dados do Cartão do Cidadão.
JUÍZES NÃO CONFIAM NO CITIUS
O presidente da Associação Sindical dos Juízes Portuguesas, António Martins, reiterou ontem as conclusões de um estudo realizado em Julho, no qual a maioria dos juízes não confia no sistema informático Citius, alvo de espionagem por uma rede criminosa chinesa.
António Martins recusou comentar as vulnerabilidades demonstradas pela acção da Ghostnet, por ter sido aberto um inquérito judicial.
Em Julho, no estudo realizado pela Associação Sindical dos Juízes Portugueses sobre os primeiros seis meses de Citius, o programa revelava sérias fragilidades: 60% dos juízes não confiaram na fiabilidade e na segurança do sistema, 75% disseram que era ineficaz e 79% afirmaram que demoravam mais do dobro do tempo no expediente diário nos processos em comparação com o trabalho realizado sem o Citius (de três minutos e meio para sete minutos e meio por processo).
O bloqueio do sistema foi outra das queixas.
DISCURSO DIRECTO
"INVESTIGAÇÃO EM PERIGO", Rui Cardoso, Sec. geral do Sind. Magistrados do MP
Correio da Manhã – Quais os riscos de espiões invadirem o programa informático do Ministério da Justiça?
Rui Cardoso – Confirmado que o sistema é vulnerável, está em risco o nosso trabalho. A investigação criminal fica em perigo e o segredo de justiça seriamente comprometido. Os processos contêm também dados da vida privada que devem ser protegidos.
– 0 vosso sindicato sempre foi crítico para com o programa informático Citius?
– Sim, por três razões: a questão da segurança que agora é colocada em causa; o próprio programa por si não satisfazer todas as necessidades do sistema; e por haver dados do Ministério Público e dos Tribunais geridos por institutos do Ministério da Justiça.
– Verificada a espionagem, o que deve ser feito?
– Suspender os programas para lhes garantir segurança. Mesmo que seja preciso parar um dia ou uma semana.
Quem foram os RESPONSÁVEIS do ITIJ que estiveram por detrás da adjudicação e da implementação do software CITIUS?
ResponderEliminarQuem estava como PRESIDENTE e quem eram os VOGAIS?
Qual foi a EMPRESA a quem foi adjudicada?
TUDO MAÇONARIA!!!
Eu vi um sapo a encher o papo tudo comeu nada ofereceu...
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