TODO O
PLANO PARA O ASSASSÍNIO DO DR. FRANCISCO SÁ CARNEIRO E DO ENGº. ADELINO AMARO DA COSTA
(5ª E ÚLTIMA PARTE)
Entre as
empresas Portuguesas que realizavam as vendas de armas atrás referidas, entre
os anos 1974 e 1980, estavam referidas neste Dossier:
- Fundição de Oeiras (morteiros, obuses e
granadas)
- Cometna (engenhos explosivos e bombas)
- OGMA (Oficinas Gerais Militares de
Fardamento e OGFE (Oficinas de Fardamento do Exercito)
- Browning Viana S.A.
- A. Paukner Lda, que existe desde 1966
- Explosivos da trafaria
- SPEL (Explosivos)
- INDEP (armamento ligeiro e monições)
- Montagrex Lda, que actuava desde 1977,
com Canto e Castro e António José Avelar.
Só foi
contudo oficialmente constituida em 1984, deixando, nessa altura, Canto e
Castro de fora, para não o comprometer com a operação de Camarate.
A
Montagrex Lda operava no Campo Pequeno, e era liderada por António Avelar que
era o braço direito de Canto e Castro e também sócio dessa empresa.
O
escritório dessa empresa no Campo Pequeno é um autentico “bunker", com
portas blindadas, sensores, alarmes, códigos nas portas, etc.
Canto e
Castro e António Avelar são também sócios da empresa inglesa BAE - Systems, sediada
no Reino Unido.
Esta empresa vende sistemas de defesa, artilharia, mísseis, munições,
armas submarinas, minas e sobretudo sistemas de defesa anti-mísseis para
barcos.
Todos
estes negócios eram feitos, na sua maior parte, por ajuste directo, através de
brokers - intermediarios, que recebiam as suas comissões, pagas por oficiais do
Exército, Marinha, Aeronáutica, etc.
Nestes
documentos era referido que, como consequência desta vendas de armas, gerava-se
um fluxo considerável de dinheiro, a partir destas exportações, legais e
ilegais.
Estes
documentos referiam também a quem eram vendidas estas armas, sobretudo a países
em guerra, ou ligados ao terrorismo internacional.
Era
também referido que todas estas vendas de armas eram feitas com a conivência da
autoridade da época, nomeadamente
militares como o General Costa Gomes, o General Rosa Coutinho (venda de
armas a Angola) e o próprio Major Otelo Saraiva de Carvalho (venda de armas a
Moçambique).
Vi
várias vezes o nome de Rosa Coutinho nestes documentos, que nas vendas de armas
para Angola utilizava como intermediário o general reformado angolano, José Pedro
Castro, bastante ligado ao MPLA, que hoje dispõe de uma fortuna avaliada em
mais de 500 milhões de USD, e que dividia o seu tempo entre Angola, Portugal e
Paris.
O seu filho, Bruno Castro é
director adjunto do Banco BIC em Angola.
No
referido dossier estavam também referidos outros militares envolvidos neste
negócio de armas, nomeadamente o Capitão Dinis de Almeida, o Coronel Corvacho,
o Varela Gomes e Carlos Fabião.
Todas
estas pessoas obtinham lucros fabulosos com estes negócios, muitas vezes mesmo
antes do 25 de Abril de 1974 e até 1980.
Era
referido que estas pessoas, nomeadamente militares, que ajudavam nesta venda de
armas, beneficiavam através de comissões que recebiam.
Estavam
referidos neste Dossier os nomes de "off-shores", que eram usadas
para pagar comissões às pessoas atrás referidas e a outros estrangeiros, por
Oliver North ou por outros enviados da CIA.
Estas
"off-shores" detinham contas bancárias, sempre numeradas.
Esta
referência batia certo com o que Oliver North sempre me contou, de que o
negócio das armas se proporciona através de "off-shores" e bancos
controlados para a lavagem de dinheiro.
Vale a
pena a este respeito referir que no negócio das armas, empresas do sector das
obras públicas aparecem frequentemente associadas, como a Haliburton, a
Carlyle, ou a Blackwater (empresa de armas, construção e mercenários), entre
outras.
Esta
relação está referida, há anos, em vários relatórios, nomeadamente nos
relatórios do Bribe Payer Index (indice internacional dos pagadores de
subornos), que é uma agencia americana.
A
indicação deste tipo de práticas foi desenvolvida mais tarde, pela Transparency
International e pelo Comité Norte Americanos de Coordenação e Promoção do
Comercio do Senado Americano, que referem que há muitos anos, mais de 50% do
negócio e comercio de armas em Portugal, é feito através de subornos.
Os
americanos sempre usaram Portugal para o tráfico de armas, fazendo também
funcionar a Base das Lajes, nos Açores, para este efeito, nomeadamente depois
de 1973, aquando da guerra do Yom Kippur, entre Israel e os países árabes.
Este
tráfico de armas deu origem a várias contrapartidas financeiras, nomeadamente
através da FLAD, que foi usada pela CIA para este efeito.
A FLAD
recebeu diversos fundos específicos para a requalificação de recursos humanos.
Não ví
contudo neste Dossier observações referindo que estas vendas de armas
eram condenáveis ou que tinham efeitos negativos.
Havia contudo uma pequena
nota, em que algumas folhas de que se devia tomar cuidade com tudo o que aí
estava escrito, e que portanto se devia actuar.
Havia
também na primeira página um carimbo que dizia "confidentical and
restricted".
Estas
vendas de armas continuaram contudo depois de 1980.
Tanto
quanto eu sei, estas vendas de armas continuaram a ser realizadas até 2004, embora
com um abrandamento importante a partir de 1984, a partir do escandalo das
fardas vendidas à Polónia.
No
referido Dossier estavam também referidas personalidades americanas envolvidas
no negócio de armas, nomeadamente Bush (Pai), Dick Cheney, Frank Carlucci,
Donald Gregg, vários militares, bem como a empresas como a Blackwater.
São
ainda referidas empresas ligadas aos EUA, como a Carlyle, Haliburton, Black
Eagle Enterprise, etc, que estavam a usar Portugal para os seus fins, tanto
pela passagem de armas através de portos portugueses, como pelo fornecimento de
armas a partir de empresas portuguesas.
Tirei
apontamentos desses documentos, que ainda hoje tenho em meu poder.
A
empresa atrás referida, denominada "Supermarket", foi criada em Portugal em 1978,
e operava através da Empresa-Mãe, de nome "Black-Eagle", dirigida por William
Casey, membro do CFR (Counceil for Foreign Affairs and Relations),
ex-embaixador dos EUA nas Honduras e também com ligações à CIA.
A
empresa "Supermarket" organizava a compra de armas de fabrico soviético, através
de Portugal, bem como a compra de armas e munições portuguesas, referidas
anteriormente, com toda a cumplicidade de Oliver North.
Estas
armas iam para entrepostos nas Honduras, antes de serem enviadas para os seus
destinos finais.
Oliver
North pagou muitas facturas destas compras em Portugal, através de uma empresa
chamada Gretsh World, que servia de fachada à "Supermarket".
Mais
tarde, cerca de 1985, quando se começou a falar muito de Camarate, Oliver North
cancelou a operação "Supermarket" e fechou todas as contas bancárias.
Devo
ainda referir que William Hasselberg e outros americanos da embaixada dos EUA,
em Lisboa, comentaram comigo, várias vezes o que estava escrito neste Dossier.
Relativamente
a Hasselberg isso era lógico, pois foi ele que me deu o Dossier a ler.
Posteriormente
comentei também o que estava escrito neste Dossier com Frank Carlucci, que
obviamente já tinha conhecimento da informação nele contida.
Tanto
William Hasselberg, como membro da CIA, como outros elementos da CIA atrás
referidos e outros, comentaram várias vezes comigo o envolvimento da CIA na
operação de Camarate e neste negócio de armas.
Lembro-me
nomeadamente que quando alguém da CIA, me apresentava a outro elemento da Cia,
dizia frequentemente "this is the portuguese guy, the one from Camarate,
the case in Portugal with the plane!".
As
vendas de armas, a partir e através de portugal, foram realizadas ao longo
desses anos, pois era do interesse politico dos EUA.
A CIA
organizou e implementou estas vendas de armas em Portugal, à semelhança do que
sucedeu noutros países, pois era crucial para os EUA que certas armas chegassem
aos países referidos, de forma não oficial, tendo para isso utilizados
militares e empresários Portugueses, que acabaram também por beneficiar dessas vendas.
Como
anteriormente referi, William Casei e Oliver North estavam, nas décadas de 70 e 80 conluiados com o presidente Manuel
Noriega, no escandalo Irão - contras (Irangate).
Foi
sempre Oliver North que se ocupou da questão dos reféns americanos no Irão, bem
como da situação da America Central.
Recebeu
pessoalmente por isso uma carta de agradecimentos de George Bush Pai, Vice
Presidente à época de Ronald Reagan.
Devo
dizer a este respeiro que John Bush, filho de Bush Pai, então com 35 anos, a viver
na Flórida, pertencia em 1979 e 1980 ao “Condado de Dade", que era e é uma
organização republicana, situada em South Florida, destinada a angariar fundos
para as campanhas eleitorais republicanas.
John
Bush era um dos organizadores de apoios financeiros para os "contra"
da Nicarágua.
Conheci
também Monzer Al Kasser um grande traficante de armas que tinha uma casa em Puerto
Banus em Marbella, e que me foi apresentado, em Paris, por Oliver North, em
1979.
Era um
dos grandes vendedores de armas para os “Contra” na Nicarágua, trabalhando simultaneamente
para os serviços secretos sírios, búlgaros e polacos.
Na sua
casa em Marbella, referiu-me também que, por vezes, o tráfico de armas era
feito através de África, para que no Iraque não se apercebessem da sua
proveniência, pois também vendiam ao mesmo tempo ao Irão e mesmo a Portugal.
Este
tráfico de armas, que estava em curso, desde há vários anos, em 1980, e no
começo do caso Camarate.
Através
de Al Kasser conheci, em Marbella, no final de 1981, outro famoso traficante de
armas, numa festa em casa de Monzer, que se chamava Adrian Kashogi.
Kashogi,
como pude testemunhar em sua casa, tinha relações com políticos e empresários
europeus, árabes e africanos, por regra ligados ao tráfico de armas e drogas.
Sou
preso em 1986, acusado de tráfico de drogas.
Esta
prisão foi uma armadilha montada pela DEA, por elementos que nessa organização
não gostavam de mim, por eu ter levado à detenção de alguns deles, como referi
anteriormente.
Fui
então levado para a prisão de Sintra.
Estou na
prisão com o Victor Pereira, que aí também estava preso.
Sei, em
1986, que estavam a preparar para me eliminar na prisão, pelo que peço à minha
mulher Elza, para ir falar, logo que possível com Frank Carlucci.
Em
consequência disso recebo na prisão a visita de um agente da CIA, chamado
Carlston, juntamente com outro americano.
Estes, depois de terem corrompido a
direcção da prisão, incluindo o director, sub-director e chefe da guarda, bem
como um elemento que se reformou muito recentemente, da Direcção Geral dos
serviços Prisionais, chamada Maria José de Matos, conseguem a minha fuga da
prisão.
Contribui
ainda para esta minha fuga, mediante o recebimento de uma verba elevada, paga
pelos referidos agentes americanos esta directora-adjunta da Direcção Geral dos Serviços Prisionais.
Estes
agentes americanos obtêm depois um
helicóptero, que me transporta para a Lousã, onde fico cerca de 20 dias.
Vou
depois para Madrid, com a ajuda dos americanos, e depois daí para o Brasil.
As
despesas com a minha fuga da prisão custaram € 25.000 Euros, o que na época era
uma quantia elevada.
Só mais
tarde no Brasil, depois de 1986, é que referi a José Esteves que sabia que Sá
Carneiro ia no avião, contando-lhe a história toda.
José
esteves, responde então, que nesse caso, tínhamos corrido um grande risco.
Eu
tranquilizei-o, referindo que sempre o apoiei e protegi neste atentado.
Dei-lhe
apoio no Brasil no que pude.
Assegurei-lhe
também o transporte para o Brasil, obtendo-lhe um passaporte no Governo Civil
de Lisboa, entreguei-lhe 750 contos que me foram dados para esse efeito pela
embaixada dos EUA, em Lisboa, e
arranjei-lhe o bilhete de avião de Madrid para o Rio de Janeiro .
Na
viagem de Lisboa para Madrid, José Esteves foi levado por Victor Moura, um
amigo comum.
No Rio
de Janeiro ajudei-o a montar uma loja, numa roulote.
Como
trabalhava ainda para a embaixada dos
EUA, em Lisboa, estas despesas foram suportadas pela Embaixada.
Ficou no
Brasil cerca de dois anos.
Eu,
contudo andava constantemente em viagem.
José
Esteves recebe depois um telefonema de Francisco Pessoa de Portugal, onde
Francisco Pessoa o aconselha a voltar a Portugal, e a pedir protecção, a troco
de ir depor na Comissão de Inquerito Parlamentar sobre Camarate.
Esse
telefonema foi gravado, mas José Esteves nunca chegou a obter uma protecção
formal.
Telefono
a Frank Carlucci, em 1987, pedindo-lhe para falar com ele pessoalmente.
Ele aceita,
pelo que viajo do Brasil, via Miami, para Washington.
Pergunto-lhe
então, em face do que se tinha falado de Camarate, qual seria a minha situação,
se corria perigo por causa de Camarate, e se continuarei, ou não a trabalhar
para a CIA.
Frank Carlucci responde-me que sim, que continuarei a trabalhar
para a CIA, tendo efectivamente continuado a ser pago pela CIA até 1989.
Frank
Carlucci confirma nessa reunião que puderam contar com a colaboração de
Penaguião na operação de Camarate, e que ele, Frank Carlucci, esteve a par
dessa participação.
Em 1994,
foi-me novamente montada uma armadilha em Portugal, por agentes da DEA que não
gostavam de mim, por causa da referida prisão de agentes seus, denunciados por
mim.
Nesta
armadilha participam também três agentes da DCITE - Portuguesa, os hoje Inspectores Tomé, Sintra e Teófilo Santiago.
Depois
desta detenção, recebo a visita na prisão de Caxias de dois procuradores do
Ministério Público, um deles, se não estou em erro, chamado Femando Ventura,
enviados por Cunha Rodrigues, então Procurador Geral da República.
Estes
procuradores referem-me que me podem ajudar no processo de droga de que sou
acusado, desde que eu me mantenha calado sobre o caso Camarate.
Por ser
verdade. e por entender que chegou o momento de contar todo o meu envolvimento na
operação de Camarate, em 4 de Dezembro de 1980, decidi realizar a presente
Declaração, por livre vontade.
Não
podendo já alterar a minha participação nesta operação, que na altura estava
longe de poder imaginar as trágicas consequências que teria para os familiares
das vítimas e para o País, pude agora, ao menos, contar toda a verdade, para
que fique
para a História, e para que nomeadamente os portugueses possam dela ter pleno conhecimento.
Não
quero, por ultimo, deixar de agradecer à minha mãe, à minha mulher Elza Simões,
que ao longo destes mais de 35 anos, tanto nos bons como nos maus monmentos,
sempre esteve a meu lado, suportando de forma extraordinária, todas as
dificuldades, ausências, e faltas de didicaçâo à familia que a minha profissão
impliava.
Só uma grande mulher e um grande amor a mim tornaram possível este
comportamento.
Quero também agradecer à minha filha Eliana, que sempre soube
aceitar as consequêncais que para si representavam a minha vida profissional, nunca
tendo deixado de ser carinhosa comigo.
Finalmente quero agradecer à minha mãe
que, ao longo de toda a minha vida me acarinhou e encorajou, apesar de nem sempre
concordar com as minhas opções de vida.
A natureza da sua ajuda e apoio, tiveram
para mim uma importância excepcional, sem, as quais não teria conseguido
prosseguir, em muitos momentos da minha vida.
Posso assim afirmar que tive
sempre o apoio de uma família excepcional, que foi para mim decisiva nos bons e
maus momentos da minha vida.
Lisboa, 26
de Março de 2012
Fernando Farinha Simões
B.I. n.º
7540306
Caro Bar do Alcides
ResponderEliminarCopiei toda a carta, e estou a envia-la para meus amigos.
Inclusive mandei para a Embaixada americana em Lisboa, e o NSA na América, só para chatea-los ..... rsrrsrsrssrs.
São uns cabrões os americanos e os traidores de Portugal !!!!!
Até militares do 25 de abril estão envolvidos no trafico de armas, é asquerosa a situação, e andam a passear por aí.
Se bem me lembro, Mário Soares condecorou frank Carlucci. Soares é um verme.
Em Portugal não há trabalho, como sou engenheiro civil com 49 anos , já estou velho, filhos das putas, vou trabalhar para o Brasil, e ter que deixar minha querida mãe em Portugal com 85 anos, e estes filhas das putas com reformas douradas, cabrões !!!!
Um abraço, e continue assim, cuidado com os filhas das putas dos maçons, eles são covardes.
Ramiro Lopes Andrade
Companheiro,
ResponderEliminarse vc acabar por vir para o Brasil, faça parte da nossa equipa.
Já somos mais de 30, apesar de só 2 ou 3 postarem, os outros mandam os conteúdos.
Abraço aqui das terras de Vera Cruz.
O Corpo editorial d' O Bar do Alcides.