TODO O
PLANO PARA O ASSASSÍNIO DO DR. FRANCISCO SÁ CARNEIRO E DO ENGº. ADELINO AMARO DA COSTA
(2ª PARTE)
Trabalhei
em serviços de infiltração pela CIA e pela DEA (Drug Enforcement Agency), em
diferentes países, como Portugal, El Salvador, Bolívia, Colômbia,Venezuela,
Peru, Guatemala, Nicarágua, Panamá, Chile, Líbano, Síria, Egipto, Argélia,
Marrocos, Filipinas.
A minha
colaboração com a DEA, iniciou-se em 1981, através de Richard Lee Armitage.
Em 1980,
Richard Armitage viria também a estar comigo e com o Henry Kissinger em Paris,
Richard Lee Armitage era membro do CFR (Counceil for Foreign Affairs and
Relations) e da Organização e Cooperação para a Segurança da Europa (OSCE),
criada pela CIA, Richard Armitage era também membro, na altura, do Grupo
Carlyle, do qual o CEO era Frank Carlucci.
O Grupo Carlyle dedica-se à
construcção civil, imobiliário e é uma dos maiores grupos de tráfico de armas
no Mundo, junto com o Grupo Haliburton,
chefiado por Richard "Dick" Cheney.
O Grupo Carlyle pertence a vários
investidores privados dos EUA, por regra do Partido Republicano.
Este grupo
promove nomeadamente vendas de armas, petróleo e cimento para países como o
Iraque, Afeganistão e agora para os países da primavera árabe.
A
lavagem do dinheiro do tráfico de armas e da droga, era feito, na altura, pelo
Banco BCCI, ligado à CIA e à NSA - National Security Agency.
O BCCI foi fundado
em 1972 e fechado no princípio dos anos 90, devido aos diversos escândalos em
que esteve envolvido.
Oliver
North pertencia ao Conselho Nacional de Segurança, às ordens de william walker,
ex-embaixador dos EUA em El Salvador.
Oliver North seguiu e segue sempre as
ordens da CIA, dependente de William
Casey.
Oliver
North está hoje retirado da CIA , e é CEO de vários grupos privados americanos,
tal como Frank Carlucci.
Da DEA
conheci Celerino Castilho e Mike Levine.
Anabelle Grimm e Brad Ayers, tendo trabalhado
para a DEA entre 1975 até 1989.
Da CIA trabalhei também com Tosh Plumbey, Ralph
Megehee - tenente coronel da NSA, actualmente reformado.
Da CIA trabalhei ainda
com Bo Gritz e Tatum.
Estes dois agentes tinham a sua base de operações em El
Salvador, (onde eu também estive durante os anos 80, durante o tráfico Irão -
Contras), desenvolvendo nomeadamente actividades com tráfico de armas.
Uma das
suas operações consistiu no transporte de armas dos EUA para El-Salvador, que
eram depois transportadas para o Irão e a Nicarágua.
Os aviões, normalmente
panamianos e colombianos regressavam depois para os EUA com droga, nomeadamente
cocaina, proveniente de países como a Colômbia, Bolivia e El Salvador, que
serviam para financiar a compra de armas.
Esta actividade desenvolveu-se
essencialmente desde os finais dos anos 70 até 1988.
A
cocaina vinha nomeadamente da Ilha Normans Cay, nas Bahamas, de que era
proprietário
Carlos Lheder Rivas.
Carlos Rivas era um dos chefes do Cartel de Medellin,
trabalhando para este cartel e para ele próprio.
Carlos Rivas era, neste
contexto um personagem importante, sendo o braço direito de Roberto Vesco, que
trabalhava para a CIA e para a NSA.
Roberto Vesco era proprietário de Bancos
nas Bahamas, nomeadamente o Colombus Trust.
Carlos rivas fazia toda a logística
de Roberto Vesco e forneciam armas a troco de cocaina, nomeadamente ao
movimento de guerrilha Colombiano M19.
Roberto Vesco está hoje refugiado em
Cuba.
O
dinheiro das operações de armas e de droga são lavadas no Banco BCCI e noutros bancos,
com o nome de código "Amadeus".
Há no entanto contas activas nas
Bahamas e em Norman's Cay, nas Ilhas Jersey, que gerem contas bancárias,
nomeadamente para o tráfico de armas para os “Contras” da Nicarágua, e para o
Irão.
Como
acima referi, muito desse dinheiro foi para bancos americanos e franceses, o
que em parte explicará porquê é que Manuel Noriega foi condenado a 60 anos de
prisão, tendo primeiro estado preso nos EUA, depois em França, e actualmente no
Panamá.
Foi preso porque era conveniente que estivesse calado, não referindo
nomeadamente que partilhava com a CIA, o dinheiro proveniente da venda de armas
e da venda de drogas.
Noriega movimentava contas bancárias em mais de 120
bancos, com conhecimento da CIA.
Noriega fazia também parte da operação "Black
Eagle", dedicada ao tráfico de armas e de droga, que em 1982 se transformou numa
empresa chamada Enterprise, com a colaboração de Oliver North e
de Donald Gregg da CIA.
Em face
do grau de informações e de conhecimento que tinha, é fácil de perceber porquê
se verificou o derrube e a prisão de Noriega.
Devo dizer que estou pessoalmente
admirado que não o tenham até agora “suicidado", pois deve ter muitos
documentos ainda guardados.
Noriega tinha a intenção de contar tudo o que sabia
sobre este tráfico, nomeadamente sobre os serviços prestados à CIA e a Bush
Pai, tendo por isso
sido preso.
Washington e a CIA são assim veículos importantes do tráfico de armas
e de droga, utilizando nomeadamente os pontos de apoio de South Flórida e do
Panamá.
No
início dos anos 80 conheci um traficante do cartel de Cali, de nome Ramon
Milian Rodriguez, que depois mais tarde perante uma comissão do Senado
Americano, onde falou do tráfico de armas e de droga, do branqueamento de
dinheiro, bem como das cumplicidades de Oliver North neste tráfico às ordens de
Bush Pai e do Donald Gregg.
Muito do
dinheiro gerado nessas vendas foi para bancos americanos e franceses.
Este
dinheiro servia também para compras de propriedades imobiliárias.
Por estar
ligado a estas operações, Noriega foi preso pelos EUA.
Foi numa
operação de droga que realizei na Colômbia
e nas Bahamas, em 1984, onde se deu a prisão de Carlos Lheder Rivas, do Cartel
de Medallin, em que eu não concordei com os agentes da DEA da estação de
Miami, pois eles queriam ficar com 10 milhões de dólars e com o avião
"lear-jet" provenientes do tráfico de droga.
Não
concordando, participei desses agentes ao chefe da estação da DEA de Maiami.
Este chefe mandou-lhes então levantar um inquerito, tendo sido presos pela
própria DEA.
A partir
de aí a minha vida tornou-se num verdadeiro inferno, nomeadamente com a
realização de armadilhas, e detenções, tendo acabado por sair da CIA em 1989, a conselho de Frank Carlucci.
O
principal culpado da minha saida da CIA e da DEA foi John C. Lawn, director
da estação da DEA e amigo de Noriega e de outros traficantes.
John Lawn
encobriu, ou tentou encobrir, todos os agentes da DEA que denunciei aquando da
prisão de Carlos Rivas.
Após a minha saida da CIA, Frank carlucci continuou
contudo a ajudar-me com dinheiro, com conselhos e com apoio logístico, sempre que
eu precisei até 1994.
Regressando
contudo à minha actividade em Portugal, anteriormente a Camarate e ao serviço
da CIA, devo referir que conheci Frank Carlucci, em 1975, através de duas
pessoas: um jornalista Português da RTP, já falecido, chamado Paulo Cardoso de
Oliveira, que conhecera em Angola, e que era agente da CIA, e Gary Van Dyk,
agente da BOSS (Sul Africana) que conheci também em Angola.
Mantive contatos
directos flequentes com Frank Carlucci, sobretudo entre 1975 e 1982, de quem
recebi instruções para varios trabalhos e operações.
Os meus contactos com
Frank Carlucci mantêm-se até hoje, com quem falo ainda ocasionalmente pelo
telefone.
A última vez que estive com ele foi em Madrid, em 2008, na escala de
uma viagem que Frank Carlucci realizou à Turquia.
Em
Lisboa, também lidei e recebi ordens de William Hasselberg - antena da CIA em Lisboa,
que além de recolher informacões em Lisboa actua como elo de ligação entre porugueses
e americanos.
Tive inclusivamente uma vida social com William Hasselberg, que
inclui uma vida nocturna em Lisboa, em diferentes bares, restaurantes, e locais públicos.
William Hasselberg gostava bastante da vida nocturna, onde tinha muito gosto em
aparecer com as suas diversas “conquistas” femininas.
Trabalhei também com
outros agentes da CIA, nomeadamente Philip Agee.
Neste ambito, trabalhei em
operações de tráfico de armas, e em infiltrações em organizações com o objectivo
de obter informações políticas e militares, “Billie” Hasselberg fala bem
português, e era grande amigo de Artur Albarran.
Hasselberg e Albarran
conheceram-se numa festa da embaixada da Colômbia ou Venezuela, tendo Albarran
casado nessa altura, nos anos 80, com a filha do embaixador, que foi
a sua primeira mulher.
Das
reuniões que tive com a embaixada
americana em Lisboa, a partir de 1978, conheci vários agentes da CIA.
O
Chefe da estação da CIA em Portugal, John Logan, oferece-me um livro seu
autografado.
Conheci também o segundo chefe da CIA, Sr. Philip Snell, Sr. James
Lowell, e o Sr. Arredondo.
Da parte militar da CIA conheci
o Coronel Wilkinson, a partir de quem conheci o coronel Oliver North e o Coronel
Peter Bleckley.
O coronel Oliver North, militar mas também agente da CIA e o
coronel Peter Bleckley, são os principais estrategas nos contactos
internacionais, com vista ao tráfico e venda de armas, nomeadamente com países
como Irão, Iraque, Nicarágua, e o El Salvador.
Na sequência do conhecimento que
fiz com Oliver North, tendo várias reuniões com ele e com agentes da CIA, por
causa do tráfico e negócio de armas.
Estas reuniões têm lugar em vários países,
como os EUA, o México, a Nicarágua, a Venezuela, o Panamá.
Neste último país contacto
com dois dos principais adjuntos de Noriega, José Bladon, chefe dos serviços
secretos do Panamá, que me disse que práticamente todos os embaixadores do Panamá em todo o Mundo estavam ao serviço
de Noriega.
Blandon
pediu-me na altura se eu arranjava um Rolls Royce Silver Spirits, para o
embaixador do Panamá em Lisboa, o que acabei por conseguir.
Em
meados de 1980, Frank Carlucci refere-me, por alto, e pela primeira vez, que eu
iria ser encarregue de fazer um "trabalho" de importância máxima e
prioritária em Portugal, com a ajuda dele, da CIA, e da Embaixada dos EUA em
Portugal, sendo-me dado, para esse efeito, todo o apoio necessário.
(CONTINUA)
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