Na
Universidade Independente, José Sócrates fez cinco disciplinas num único ano letivo.
Quatro foram
ministradas pelo mesmo professor, António Morais, e a última Inglês Técnico,
foi da responsabilidade de Luís Arouca, reitor da instituição, que por sinal
não era professor da cadeira.
Para ser
avaliado em Inglês Técnico, Sócrates fez um trabalho de duas páginas e meia
dactilografadas em inglês com 19 erros graves, tendo, não obstante, sido
aprovado, sem dificuldade, com elevada classificação.
Quem também
aparece como licenciado pela Universidade Independente é Armando Vara, amigo e
cúmplice político de Sócrates.
Sabe-se que
antes de se meter na política, Armando Vara era empregado de balcão da Caixa
Geral de Depósitos e tinha o nono ano.
Surge agora
como licenciado e administrador do banco do Estado.
Mas quem é
António Morais, o homem que num só ano ministrou quatro cadeiras a Sócrates?
Quando, em
1995, Sócrates se inscreve na Independente, António Morais é chamado para o
gabinete de Armando Vara, então Secretário de Estado da Administração Interna.
Em Março de
1996, transita, ainda pela mão de Armando Vara, para a chefia do Gabinete de
Estudos e Planeamento de Instalações da Administração Interna (GEPI).
Deixa este
gabinete quando uma auditoria deteta irregularidades na adjudicação de
empreitadas do Ministério.
No entanto,
quando, em 2005, o PS volta ao poder, é nomeado por Sócrates e Alberto Costa
para presidente do Instituto de Gestão Financeira e Patrimonial do Ministério
da Justiça.
Questionado
por jornalistas sobre os seus professores na Universidade Independente,
Sócrates disse não se lembrar dos nomes, nem mesmo do deste que lhe ministrara
quatro cadeiras.
Em
entrevista dada na RTP afirmou não se lembrar de o ter nomeado Presidente do
citado Instituto, pois que nomeia muita gente e não se pode lembrar de toda.
Quando
António Morais era diretor do GEPI, o então Secretário de Estado do Ambiente,
nada menos que José Sócrates, lançou um concurso para a execução da obra e
exploração do aterro sanitário da Cova da Beira.
Devido a
denúncias de favorecimento e corrupção na adjudicação do aterro sanitário à
empresa Conegil do grupo HLC, António Morais, o professor, e Silvino Alves, seu
assistente, são hoje arguidos em processo judicial.
António
Morais era, por esta altura, além de professor da Universidade Independente e
diretor do GEPI, consultor do grupo HCL, o tal a quem fora adjudicada a obra do
aterro sanitário da Cova da Beira, através da sua empresa Conegil.
A Conegil
tinha ligações a uma outra empresa, a Constrope, que construiu a vivenda de
Armando Vara em Montemor-o-Novo e cujo projeto foi elaborado por uma empresa do
famoso professor da Universidade Independente, António Morais, o tal que
ministrou quatro cadeiras diferentes a Sócrates no mesmo ano.
Não sei
porquê, mas tenho a impressão de que isto anda tudo ligado: a vivenda de
Armando Vara, a licenciatura de José Sócrates, o aterro sanitário da Cova da
Beira, o professor António Morais, o grupo HCL, o Secretário de Estado do
Ambiente, a adjudicação à empresa Conegil, o diretor do GEPI, quatro cadeiras
diferente dadas num só ano pelo mesmo professor, 19 erros e uma bela
classificação em Inglês Técnico, os esquecimentos de Sócrates, o administrador
Armando Vara da Caixa Geral de Depósitos, uma auditoria que deteta
irregularidades e dois arguidos em processo de favorecimento e corrupção.
Não acho que
seja importante ser-se licenciado para se ser um bom primeiro-ministro.
Mas não é
isso que está em questão nesta opereta.
Como diz
Marques Mendes, e bem, o problema é de caracter.
A justiça
portuguesa espraia-se por 15 mil páginas em um só processo. José Sócrates, já
ilibado, volta de novo ao Tribunal.
Quem foi que
o ilibou e porque não é julgado também, no caso de persistirem as suspeitas?
E quem é o
ou a arguido/a que se prepara para colocar questões em Tribunal?
Não tem
advogado?
O Ministério
Público não tem as perguntinhas todas já preparadas?
E depois não
querem que falemos em fantochadas!
E ainda,
mais uma vez, é pela comunicação social que sabemos tudo ao pormenor, como é o
caso agora, do Expresso.
Não que seja
mau, mas não servirá para os que dizem que o jornalismo de investigação não
existe em Portugal e defendem as práticas persecutórias de Manuela Moura Guedes?
- 15 mil
páginas, um processo bem volumoso.
- Um
processo que envolve atos de corrupção.
- Um
processo que se arrasta há 10 anos, e parece que não vai acabar tão cedo.
- Sete
perguntas que uma das arguidas "ainda" pretende colocar à testemunha
José Sócrates, no julgamento que começa em Outubro.
Mas afinal!
Há quem
interessa tal situação?
A justiça
portuguesa para parecer competente de tão lenta que é?
A nós,
contribuintes, que pagamos pela falta de eficiência e morosidade da justiça
portuguesa?
Aos
políticos que só veem nesses casos armas de arremesso para parecerem que atuam,
mas, em verdade não chegam a lugar algum?
Aos
políticos corruptos de todos os partidos que tecem e tecem e nada lhes acontece?
10 anos e 15.000
páginas para quê?
Para nada?
E certamente,
quando passar o período eleitoral de agora, tudo se aquietará até as próximas
eleições.
E tudo
ficará como dantes no quartel de Abrantes.
É assim que
caminha Portugal!
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